domingo, 16 de março de 2008

Sobre imigração e história

Lendo as recentes notícias sobre os brasileiros barrados pela imigração espanhola eu me lembrei de uma conversa muito interessante que tive com meu irmão lá em Dublin, na Irlanda.

Me contava ele sobre os problemas e percalços que passou quando chegou na Irlanda, de como lutou para conseguir um emprego e se desvencilhar do sistema de viagens que o levou até lá, de como fez para arranjar um lugar para morar, das pessoas que teve que agüentar nesse lugar, do preconceito contra ele, entre outros. Tudo isso para ganhar a vida, para poder um dia voltar ao Brasil com boas condições, condições esta que ele não conseguiria aqui.

Na hora em que ele falava, eu pensava comigo mesmo, percebendo algo que achei muito interessante. Meu irmão está fazendo exatamente o que nossos antepassados (com isso, não pretendo ir tão longe; digo por antepassados meus avós, bisavós.) fizeram. No meu caso, meus antepassados vieram da Itália para fazer a vida aqui no Brasil. Uma Parceria Brasil-Itália os trouxe para as plantações, para substituir os escravos. Esses estrangeiros aqui tiveram também enormes dificuldades. Tinham que lutar para sair desse sistema que quase os escravizou, tiveram que achar trabalho, uma casa, tiveram que lutar contra preconceitos e se inserir em uma sociedade nova. E, ainda no meu caso, eles conseguiram. Sou a prova viva de que eles tiveram sucesso e prosperidade. Alguns voltaram à Itália, outros resolveram ficar por aqui mesmo, e assim o Brasil tornou-se casa para eles.

Voltando ao começo do tópico, lia eu sobre as extradições de brasileiros barrados ao entrar em Madri. Lembrando do meu irmão e de meus antepassados fiquei indignado com o caso. Pensei nos espanhóis quando entraram no continente e exploraram-no até não mais conseguirem. Pensei nos vários imigrantes que vieram fugindo das guerras que assolaram a Europa e que aqui encontraram onde viver, onde trabalhar. Pensei nos turistas que vêm ao nordeste apenas para fazer sexo com nossas crianças. E pensei em nós indo para a Europa, para tentar trabalhar e viver dignamente e sermos barrados.

Depois de tudo o que fizeram e fazem com a gente, a gente ainda é impedido de entrar no país deles e fazer um pouco do que fizeram conosco. Esse tópico é completamente a favor de uma retaliação das mais pesadas. Temos que nos fazer ouvir, brigar pelo nosso direito de ir e vir. E é o mínimo que eles podem fazer para nos ressarcir.

3 comentários:

Rempel disse...

Foda isso, não sei nem por onde começar o comentário...tanta coisa pra falar...o tema é polêmico

Sem querer levar o assunto para um lado "utopico-filosófico- piração" do assunto e fugindo um pouco do aspecto histórico-político-mala do assunto que não é minha praia....

Mesmo que concordando com o post, e com mta vontade de apoiar rigorosa restrição no acesso de Espanhóis no País... Acredito que a solução dessa revoltante questão não é dar o troco na mesma moeda, não temos nada a ganhar com isso ...

A solução, (e aí começa a parte "utopica-filosófica- piração") está nas sagradas linhas da prece/letra de John Lennon, em Imagine

"..Imagine there's no countries,
It isnt hard to do,
Nothing to kill or die for,
No religion too,
Imagine all the people
living life in peace..."

O fim do conceito de País mudaria mta coisa no mundo, a razão de diversos conflitos, negociações,guerras preconceitos está na impregnação desse vago conceito de Nação....

Vamos lá..entre na "viagem" (nessa viagem nenhum setor imigratório que vai te mandar de volta pra casa... tb não vai precisar de visto, nem passaporte)

Que diferença faz se o cara nasceu na Espanha ou aqui ?? Na Alemanha ou na Etiópia ?? q diferença faz se eu nasci a 3m para um lado ou para o outro de uma fronteira ??

Eu acho q infelizmente..defender interesses de um País hoje em dia , significa necessariamente prejudicar os outros países. deveríamos pensar em pessoas, não em países....

(sei lá, não to num bom dia pra escrever..depois explico direito a piração...)

Stefano disse...

Marcola revelando seu lado anarquista...é isso aí, mandou bem...
Eu queria dizer que sou anarquista...gostaria eu de viver em um mundo como esse que você descreveu. Mas no momento, isso não acontece. E está longe de acontecer. Eu só não aguento mais essa sacanagem que fazem com a gente (latinos) desde que nosso continente foi "descoberto". Eles (europeus) vieram para cá e exploraram cada canto do território. Exterminaram nossa população. E agora resolve bloquear pessoas de bem que querem morar no país deles? palhaçada das bravas.

Anônimo disse...

ô dois tem que ver todos os lados nisso! preconceito tem prá todo lado e discriminação também. meu avô italiano veio prá cá antes da guerra, e na guerra o proibiram de chegar até Santos e ameaçaram expropriar o pedaço de terra que ele tinha comprado. veja bem isto é Brasil atuando. veja bem meu avô era italiano, tirando o sotaque em nada ele se diferenciava dos brasileiros de 500 anos de colonização. Agora imaginem os coitados dos japoneses como ficaram?! Mas o Brasil precisava de braços para a lavoura de café e então bem vindo os migrantes. Agora como nós paulistas agimos em relação aos nordestinos? aos bolivianos? aos coreanos? o problema é mais em baixo irmãos, não é preconceito não, é falta de emprego mesmo... a tal da globalização e da tecnologia tá ferrando os empregos e aí a coisa pega!
então é isso, somos todos iguais em "preconceito". e quanto a um mundo sem países, sei não, pois cultura a gente só adquire quando se identifica com alguma coisa, quando pertence a algo, quando há identidade entre eu e o meu vizinho... não dá para falar em cultura planetária "earth" a não ser que os monstrinhos verdes já tenham chegado.... alguém viu?
abraços aos dois,
e gostei do blog
não dá para postar mais x não?!